quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Fortaleza: Justiça brasileira autoriza obra no Parque Ecológico do Cocó


O caso do Parque do Cocó, ecossistema na zona urbana de Fortaleza, teve uma reviravolta: a decisão da Justiça Federal que havia determinado a interdição da construção de dois viadutos na área, no último dia 8 de agosto, foi invalidada pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5).
A decisão foi tomada pelo desembargador federal Edilson Pereira Nobre Júnior, presidente em exercício do TRF5, no dia 14 de agosto. Segundo a sentença, ”a prefeitura alega que a justificativa de dano ambiental não é suficiente à interrupção das obras”, argumentou o desembargador:
a paralisação da construção dos viadutos causará maior prejuízo à ordem e à economia públicas, tanto por impossibilitar que a sociedade possa usufruir de melhorias no trânsito da região, como por impor severos prejuízos a serem suportados com verbas públicas. 
Um dia antes da suspensão da liminar, no dia 13 de agosto, o procurador da República Oscar Costa Filho e outros opositores à construção dos viadutos no parque do Cocó estiveram reunidos em Recife com o presidente do TRF5 para mostrar que o projeto não teve Estudo de Impacto Ambiental, momento em que a Prefeitura recorreu ao Tribunal.
Desocupação marcada pela violência
Polícia agride manifestante. Foto tirada da página do Facebook "Dunas do Cocó".
Polícia agride manifestante. Foto tirada da página do Facebook “Dunas do Cocó”.
A desocupação do Parque do Cocó tem sido marcada pela violência. No dia 8 de agosto, houve confronto entre guardas municipais e manifestantes que estavam acampados no local havia 28 dias para impedir que a obra tivesse andamento. Cerca de 300 policiais do Grupamento de Operações Especiais da Guarda Municipal de Fortaleza participaram da operação de desocupação.
Durante a ação, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borrachas foram usadas pela Guarda Municipal e manifestantes afirmaram que houve excessos por parte da polícia. O professor universitário Geová Alencar denunciou:
Reiniciamos o manifesto no meio da rua, gritando palavras de ordem e, de repente, a polícia veio para cima, jogando bombas de efeito moral. Todos nós corremos sem entender.
Polícia lança gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes. Foto retirada da página do Facebook "Dunas do Cocó"
Polícia lança gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes. Foto retirada da página do Facebook “Dunas do Cocó
O coletivo Rapadura Mídia partilhou no Facebook uma série de cinco vídeos com a cobertura em direto feita na madrugada de dia 8. Um mini-documentário feito pelo Canal Popular, apresenta vários depoimentos de manifestantes após a desocupação do Parque do Cocó. Um vídeo mais curto mostra árvores derrubadas, presença policial e manifestantes:

O Greenpeace opinou sobre a situação:
De fato, a obra é polêmica. Em primeiro lugar, por confiar na expansão do espaço viário como forma de solucionar o problema de congestionamento, o que significa insistir em uma falácia muito criticada pelos especialistas – os carros se comportam como gases, quanto mais espaço há, mais espaço ocuparão, pelo fato de que a melhora no tráfego estimula mais pessoas a utilizarem o carro, levando ao congestionamento novamente. Em segundo, mas não menos importante, por não ter contado com participação popular e ser uma obra que não considera um planejamento de médio e longo prazo da mobilidade da cidade, voltado para a priorização de outros meios de transporte – como a bicicleta, transporte coletivo e andar a pé – que não o carro.
No Twitter, moradores demonstraram a sua indignação através das hashtags #SalveCocó, #SalveoCocó e #OcupeCocó.


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