O caso do Parque do Cocó, ecossistema na zona urbana de Fortaleza, teve uma reviravolta: a decisão da Justiça Federal que
havia determinado a interdição da construção de dois viadutos na área,
no último dia 8 de agosto, foi invalidada pelo Tribunal Regional Federal
da 5ª Região (TRF5).
A decisão
foi tomada pelo desembargador federal Edilson Pereira Nobre Júnior,
presidente em exercício do TRF5, no dia 14 de agosto. Segundo a
sentença, ”a prefeitura alega que a justificativa de dano ambiental não é
suficiente à interrupção das obras”, argumentou o desembargador:
a paralisação da construção dos viadutos causará maior prejuízo à ordem e à economia públicas, tanto por impossibilitar que a sociedade possa usufruir de melhorias no trânsito da região, como por impor severos prejuízos a serem suportados com verbas públicas.Um dia antes da suspensão da liminar, no dia 13 de agosto, o procurador da República Oscar Costa Filho e outros opositores à construção dos viadutos no parque do Cocó estiveram reunidos em Recife com o presidente do TRF5 para mostrar que o projeto não teve Estudo de Impacto Ambiental, momento em que a Prefeitura recorreu ao Tribunal.
Desocupação marcada pela violência
A desocupação do Parque do Cocó tem sido marcada pela violência. No
dia 8 de agosto, houve confronto entre guardas municipais e
manifestantes que estavam acampados no local havia 28 dias para impedir
que a obra tivesse andamento. Cerca de 300 policiais do Grupamento de
Operações Especiais da Guarda Municipal de Fortaleza participaram da operação de desocupação.Durante a ação, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borrachas foram usadas pela Guarda Municipal e manifestantes afirmaram que houve excessos por parte da polícia. O professor universitário Geová Alencar denunciou:
Reiniciamos o manifesto no meio da rua, gritando palavras de ordem e, de repente, a polícia veio para cima, jogando bombas de efeito moral. Todos nós corremos sem entender.

Polícia lança gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes. Foto retirada da página do Facebook “Dunas do Cocó“
O Greenpeace opinou sobre a situação:
De fato, a obra é polêmica. Em primeiro lugar, por confiar na expansão do espaço viário como forma de solucionar o problema de congestionamento, o que significa insistir em uma falácia muito criticada pelos especialistas – os carros se comportam como gases, quanto mais espaço há, mais espaço ocuparão, pelo fato de que a melhora no tráfego estimula mais pessoas a utilizarem o carro, levando ao congestionamento novamente. Em segundo, mas não menos importante, por não ter contado com participação popular e ser uma obra que não considera um planejamento de médio e longo prazo da mobilidade da cidade, voltado para a priorização de outros meios de transporte – como a bicicleta, transporte coletivo e andar a pé – que não o carro.
No Twitter, moradores demonstraram a sua indignação através das hashtags #SalveCocó, #SalveoCocó e #OcupeCocó.
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